Fonte (Download aqui):
http://www.battello.med.br/port/trabalhos/miasmas.pdf
Miasmas BATELLO
VISÃO CLÁSSICA DOS MIASMAS
A PSORA OU MODO PSÓRICO
Evolução terapêutica - A psora evolui em três fases:
- Uma fase centrífuga de eliminações pelos diferentes órgãos;
- Uma fase de fixação das eliminações;
- Uma fase centrípeta de bloqueio das eliminações.
1- A fase
centrífuga das eliminações
- Surgem com crises reincidentes e alternantes nos diversos órgãos. Assim, por exemplo, as crises de asma alternam ou sucedem a manifestações de eczema. Esta fase centrífuga é para respeitar e para canalizar, visto que este modo de eliminação é um meio natural para o organismo de se libertar dos seus resíduos. O entrave das suas funções confina na fase de descompensação.
- Os principais remédios desta fase são Sulfur*, Hepar sulfur*, Calcarea carbonica*, Nux vomica*. A associação ao tratamento homeopático de uma melhor higiene de vida é indispensável neste período se se quer evitar uma descompensação deste modo reaccional.
2- A fase de descompensação com
bloqueio das eliminações
- Surge ou na evolução normal da psore não tratada, ou após tratamentos intempestivos que bloqueiam as eliminações naturais do organismo. Para retomar o exemplo precedente, a asma torna-se crónica e é acompanhada de sinais de insuficiência respiratória. Nesta fase dominam a astenia e a esclerose dos tecidos dos principais órgãos (artérias, ossos, sistema nervoso).
- Os remédios desta fase são: Sulfur*, Psorinum*, Causticum*, Silicea*, Phosphorus*, Opium, Baryta carbonica. Apesar do estado do doente, a higiene correcta de vida permanece uma aliada importante.
3- A fase de fixação das eliminações
- Entre estas duas fases, existe uma fase de transição durante a qual as perturbações da primeira fixam-se e tomam um carácter rebelde e paroxística. As crises de asma da primeira fase alternam menos frequentemente com o eczema, em compensação tornamse violentas e são mais difíceis de travar.
- Durante esta fase, os remédios de terreno indicados são Calcarea carbonica, Graphites, Sepia, Lycopodium.
A SICOSE OU MODO SICÓTICO
Este modo reaccional é caracterizado pela presença de episódios infecciosos repetidos, pela produção de tumores cutâneos e pela sensibilidade à humidade. O modo sicótico surge frequentemente, mas não exclusivamente, nos indivíduos que têm um tipo sensível particular. Fisicamente, é reconhecido pela sua infiltração celulítica dolorosa, a sua tendência para a obesidade por retenção hídrica e, psiquicamente, pela sua tendência depressiva e as suas ideias fixas.
Factores etiológicos - São particularmente evocadores e activos quando surgem na criança. Os factores medicamentosos - As vacinas, as seroterapias; - As antibioterapias repetidas e injustificadas nas rinofaringites da criança, por exemplo; - A corticoterapia prolongada; - Os desequilíbrios hormonais naturais ou provocados (pílula contraceptiva, por exemplo); - Os abusos medicamentosos. Os factores infecciosos repetidos - Na criança, as rinofaringites; - No adulto, as infecções urogenitais. Os factores hídricos - Os traumatismos cranianos com aumento de peso consecutivo; - Os choques psíquicos que têm o mesmo efeito; - O habitat num local húmido.
Sintomas característicos - A
sicose é caracterizada por: — As suas modalidades particulares Uma
sensibilização anormal à humidade no sentido do agravamento ou
mais raramente do melhoramento; Um melhoramento pelo movimento lento.
— O seu psiquismo particular Com as suas ideias fixas e obsessivas.
— Os seus sinais gerais Uma tendência quase “psicológica”, por
um lado à retenção hídrica com celulite dolorosa fazendo-se
acompanhar de uma intolerância geral ao toque e à pressão e, por
outro lado, uma transpiração excessiva localizada no rosto, nas
rugas, nos órgãos genitais e, por um “ataque” nas fâneras; Uma
tendência patológica para produções tumorais e quísticas:
verrugas, papilomas, condilomas; e, por outro lado, uma predisposição
às rinofaringites ou urogenitais persistentes e reincidentes
acompanhadas de escorrimentos resistentes. A este quadro
associa-se um ataque no aparelho osteoarticular, na origem de dores
artrósicas tendo as modalidades descritas mais acima.
Evolução terapêutica - Distinguem-se duas fases na sicose:
- Uma fase de sicose gorda,
- Uma fase de sicose esclerosa.
1- A sicose gorda
- Caracteriza-se pela sua retenção hídrica e a sua sensibilidade à humidade. Os principais remédios de terreno desta fase são Thuya, Medorrhinum, e Natrum sulfuricum.
2- A sicose esclerosa
- Manifesta-se por uma esclerose progressiva dos tecidos. Os remédios de terreno desta fase são Causticum, Tuberculinum residuum, Medorrhinum, Silicea, Plumbum.
O TUBERCULINISMO OU MODO TUBERCULÍNICO
O tuberculinismo é considerado por alguns como um
subgrupo do modo psórico. Surge num biótipo particular, o
longilíneo com hiperlabilidade nervosa. Os indivíduos predispostos
são altos, magros, nervosos, hipersensíveis e cansam-se depressa.
São friorentos e não suportam a falta de ar.
Factores etiológicos:
- Os factores infecciosos: a contaminação tuberculosa: Prova de Mantoux – viragem de “Cuti”, BCG; - as vacinas repetidas ou as antibioterapias repetidas; - as doenças ditas “anergisantes”: sarampo, tosse convulsa, hepatite viral, mononucleose infecciosa; - As infecções repetidas: ORL, urogenitais em particular.
- Os factores dietéticos - os regimes “dietéticos”: com medicamentos à base de extractos tiroidianos, anfetaminas, diuréticos; - Os regimes vegetarianos demasiado restritivos.
- Os factores psíquicos - Os choques afectivos, - A fadiga intelectual.
A fase de defesa
- Faz aparecer: — Modificações incessantes dos sintomas de um órgão numa mesma patologia; — Uma congestão venosa periférica agravada pelo calor; — Acessos de febre “sine materia”, manifestações de crescimento; — Eliminações caracterizadas por: Perturbações digestivas crónicas ou reincidentes, Inflamações repetidas das mucosas ou das serosas. Estas eliminações, contrariamente à dos psóricos, não são para respeitar, porque traduzem uma assimilação defeituosa podendo estar na origem de uma desmineralização. São variáveis nas suas manifestações e fixam-se sobre um ou outro aparelho.
- Os medicamentos desta fase são: Calcarea phosphorica, Pulsatilla, Ferrum Phosphoricum, Aviaire, TK.
A fase de descompensação
- Pode surgir rapidamente após a fase de defesa e corresponde a uma desmineralização do indivíduo. Traduz-se clinicamente por um emagrecimento, uma frilosidade, uma desidratação, uma obstipação, uma fadiga anormal, e uma falta de resistência do organismo.
- Os medicamentos desta fase são Natrum muriaticum, Sepia, Phosphorus, Silicea, TK.
O LUETISMO OU MODO LUÉTICO (SIFILITICO)
O modo luético surge num indivíduo que tem um
biótipo particular, o “distrófico fluórico”. É caracterizado
por um desenvolvimento anormal dos tecidos ou dos órgãos na origem
de um aspecto assimétrico da pessoa luética. Nesta predomina uma
assimetria da face e dos membros, olhos esbranquiçados, um “genus
valgum”, pés rasos, uma hiperlassidão ligamentar e anomalias
dentárias. No plano intelectual, mostra uma inaptidão para as
matemáticas, contrastando com uma imaginação criadora estragada
por um julgamento deficiente. Por outro lado, é atingido por um
grande desequilíbrio nervoso, que se manifesta por uma
impossibilidade de levar uma vida regular, uma mudança frequente de
domicílio e de companheiro. Não faz nada com medida, é capaz de
uma grande resistência contrastando com períodos prolongados de
inactividade.
Os factores etiológicos:
Os factores etiológicos:
- Os antecedentes familiares característicos, doenças venéreas, envelhecimento dos progenitores;
- Infecções virais ou microbianas contraídas durante a gravidez: rubéola, papeira, sífilis;
- Intoxicações: álcool, drogas, medicamentos ingeridos pela mãe durante a gravidez.
Os sintomas característicos:
- Perturbações do carácter com instabilidade, nervosismo, inadaptação;
- Estas perturbações criam, num primeiro tempo, uma instabilidade no meio escolar (lacunas intelectuais, inaptidão para as matemáticas, distracção na criança), familiar e social (fuga e delinquência no adolescente);
- Depois surgem por vezes, psicoses, nevroses e demência. Desenvolvimento psicomotor retardado na criança e desenvolvimento psíquico no adulto;
- Atraso na marcha, na palavra e no controlo dos esfíncteres na criança;
- Agitação nocturna com insónia e medo da noite;
- Fobia da noite e do contágio com necessidade constante de lavar as mãos;
- Tendência perversa para os excessos sexuais (sadismo), impudor, impulsões violentas. Prejuízo no sistema cardiovascular;
- Hipertensão arterial (HTA), aortite, coronarite, arterite, evoluindo em direcção a uma esclerose do sistema arterial. Prejuízo no sistema locomotor;
- Entorses repetidas, tendinites, rupturas tendinosas naturais;
- Artrose, patologia discal e radicular;
- Exostoses com dores espontâneas agravadas de noite e quando pressionadas; Osteomielite. Prejuízos cutâneos;
- Úlceras cutâneas e fístulas;
- Quelóides, contracções tendinosas, endurecimentos; Prejuízos glandulares;
- Parótidas, tiróide, próstata.
O tratamento
- Os principais remédios de terreno desta fase são: Luesinum, Mercurius, mas também outros metais pesados: Argentum metallicum, Platina, Plumbum metallicum; sais de flúor: Calcarea fluorica, Fluoricum acidum; e Staphysagria.